Resumo

A Federação Portuguesa de Columbofilia possui registrados 18.000 columbófilos e 4.500.000 pombos. Números que mostram a importância do esporte em Portugal. Nos pombais, ocorre um grande acúmulo de fezes. Estudos relatam a presença de Cryptococcus neoformans em excretas aviárias, sendo está a principal fonte de transmissão. C. gattii, porém, está associado a espécies arbóreas. Pombos-atletas, durante os exercícios, estão expostos ao contato com pombos silvestres, assim como outras aves, especulando-se a possibilidade de contaminação cruzada ou mesmo troca de cepas entre animais cativos e silvestres. O trabalho proposto objetivou pesquisar a espécie C. neoformans, devido sua maior virulência, dentro dos pombais de competição. O material foi coletado pelos columbófilos e enviado para o laboratório de Micologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária – Universidade Lisboa. O material foi suspenso em salina 0.9%, sendo retirado uma alíquota da superfície, inoculada em meio de Staib e incubada a 30ºC. Na avaliação macroscópica observou-se colônias bem definidas, brilhantes, com aspecto mucóide e pigmentação variando do castanho-escuro ao branco. Na avaliação microscópica foram confeccionadas lâminas com tinta-da-china das colônias de tom acastanhadas, observando-se células arredondadas, encapsuladas, regulares, com um ou mais brotamentos. Foram realizados teste de urease, fermentação negativa, auxanograma, e crescimento em meio C.G.B para confirmar as espécies isoladas. O resultado foi a presença de C. neoformans em 13 dos 14 pombais estudados. Podemos especular o alto nível de exposição e o risco de infecção dos columbófilos. Trabalhos demonstram a capacidade de C. neoformans causar infecções subclínicas e permanecer latente durante anos, reactivando-se quando o indivíduo sofre imunossupressão. Um estudo detectou anticorpos para C. neoformans em 22% de 134 columbófilos. No grupo controle, 3% das 36 pessoas não-criadores, apresentaram resultados positivos. Assim, os contactantes de pombos são uma classe de risco e deve ser olhada com atenção. Ações como a limpeza dos recintos, evitando-se acúmulo de fezes, utilizando produtos microbicidas, ajudam a reduzir a carga microbiana e diminuir os riscos de contaminação. Concluindo, C. neoformans está presente com frequência nos pombais, sendo necessários mais estudos a respeito das condições de riscos de contaminação. Dessa forma, poderemos proteger a saúde, não só dos columbófilos, mas de todos os humanos.